CUMPRE
A MISSÃO DE PREGAR O EVANGELHO
Soluções
contemporâneas para o cumprimento da Missão
Evangelista Sebastião Gois
COMEAD-CGPB
Missionário em Trujillo, Peru.
INTRODUÇÃO
Vivemos num mundo da geração 4G
(tecnologia celular). Uma geração conectada 24 horas. Uma geração virtual (O Dicionário de Etimologia Online informa que
virtual na computação é o sentido de "fisicamente não existente, mas
simulado por software"). A geração da comunicação virtual, da amizade
virtual, do namoro virtual, do aconselhamento virtual, da educação virtual,
etc.
Saímos do mundo real para um mundo
criado pelos homens, o mundo virtual. Esse mundo é mais uma forma do homem
dizer para Deus, eu posso fazer melhor.
Esta geração é a geração da velocidade
da informação. Ganha destaque e sai na frente quem dá primeiro a notícia, assim
é possível ver acontecimentos reais online e para isso são investidos milhões
de dólares para que logre esses resultados. A ciência esta se multiplicando e
confirmando as profecias bíblicas de Daniel 12.4.
O tempo nessa geração é quase um
inimigo para a execução dos projetos humanos, escutamos a uma só voz “não tenho
tempo”. Aumentamos a velocidade da informação; Aumentamos a velocidade da
produção alimentícia em geral (grãos, aves, gados, etc.); Aumentamos a
velocidade da comunicação e tudo isso para ganharmos tempo, porém o que
escutamos é “não temos tempo”.
O que gera tudo isso? Uma sociedade
melhor? Não! Relações interpessoais melhores? Não! Mais amor nas pessoas? Não!
O que vemos é uma geração egoísta,
individualista, separatista. Esse mundo virtual criado pelos homens provocou o
aumento do egocentrismo em detrimento do amor fraternal, 2 Timóteo 3.1-6.
A igreja não ficou de fora dessa
mudança comportamental da humanidade. Não necessitamos discorrer toda a
trajetória da igreja para entender que ela foi afetada pela mudança
socioeconômica do nosso mundo. Cada dia, cumprir a grande comissão do nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo está cada vez mais difícil. Mas Deus continua
procurando os fieis da terra para servi-lo e adorá-lo em espírito e verdade (Salmos
101.6; João 4.23).
Apresentamos um breve relato da
problemática da missiologia contemporânea para que a igreja de Cristo possa
analisar. Apresentamos algumas soluções que mantenham a linha central da ordem
de nosso Senhor Jesus Cristo que é “Ide
por todo mundo e pregue o evangelho a toda criatura. Marcos 16.15”.
PROBLEMÁTICA DA MISSIOLOGIA CONTEMPORANEA
O Brasil vive um despertar de Deus
para a obra missionária desde o início da década de 90 e dentro da nossa
Assembleia de Deus esse tempo foi marcado pela década da colheita implantada em
todo o país gerando um grande número de salvos. Com esse despertar, Deus
começou a mudar a realidade da igreja, mudando a realidade econômica da nação.
Vimos o dólar cair, a inflação desaparecer, o país crescer, de maneira que as
igrejas foram fortalecidas para fazer o que sempre desejaram fazer, missões
transculturais. Com o crescimento numérico de novos membros, aumentou também os
números de problemas das igrejas. Isso também aconteceu na igreja primitiva,
enquanto se reuniam somente os, aproximadamente, 120 discípulos (Atos 1.15) não
havia problema, todos compartilhavam as mesmas coisas, tudo era comum a todos.
No entanto, quando Pedro pregou o evangelho e mais de 3000 almas aceitaram a
Cristo e o numero foi crescendo cada vez mais, começou a surgir os primeiros
problemas eclesiásticos (Atos 6.1).
A igreja de Atos não estava
preparada para um crescimento tão repentino, mas Deus é o dono da obra. Deu
sabedoria a Pedro e começou a formação de líderes para a distribuição das
atividades.
Devemos entender que é inevitável o
crescimento dos problemas com o crescimento da igreja. O que devemos saber é
que servimos um Deus que dá a devida capacitação de acordo com a necessidade do
momento.
A Igreja tem que crescer em
quantidade, mas também em qualidade. É aí onde estamos pecando. A qualidade do
ensino e do serviço tem caído gradualmente no meio da igreja. Estamos saindo a
pregar o evangelho, mas estamos descuidando de formar discípulos para Cristo
(Mateus 28.19). Formar discípulos é acompanhar o novo convertido com
ensinamentos da Palavra de Deus até que o caráter de Cristo seja formado no seu
coração e ele possa estar pronto para sair a ganhar outros para Cristo. Isso
foi o que Jesus fez com os doze apostoles. Fazer discípulos é fazer um
transplante de coração, colocar o coração de Cristo no lugar do coração do
homem.
As palavras de Jesus Cristo continuam
ecoando: “os trabalhadores são poucos e a
seara é grande”. Jesus não mandou
contratar trabalhadores, mas disse: “rogai
ao Senhor da seara que envie obreiros para sua seara”. A igreja necessita
aprender, ou melhor, reaprender o caminho da oração para o surgimento de novos
líderes. Montamos nossa confiança nos teologicamente, secularmente,
profissionalmente preparados. Estamos como o profeta Samuel olhando para os
filhos de Jessé, olhando para a aparência e se esquecendo do coração. Por isso,
a cada ano temos centenas de consagrações e continuamos procurando
trabalhadores para a seara do mestre.
Liderança Instável
Infelizmente a cada dia surgem
líderes que veem na igreja uma oportunidade de “fazer-se na vida”, como uma
oportunidade de estabilidade econômica. Uma tristeza para nosso Deus em saber
que seus filhos não O buscam de maneira desinteressadamente. Líderes vendendo
seus talentos não para engrandecer o Reino de Deus, mas para engrandecer a si
mesmos. A motivação desses novos líderes é o próprio ventre, são inimigos da
cruz de Cristo (Filipenses 3.18,19).
Mau Uso Dos Recursos Econômicos
O Brasil tem se fortalecido
economicamente nesses últimos 20 anos e o povo de Deus foi muito abençoado
financeiramente. As entradas nas igrejas se elevaram fortalecendo o tesouro da
igreja para um investimento real no Reino de Deus. A bíblia é clara que a
missão da igreja é propagar o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo a todos os
povos, tribos, línguas e nações. Deus respondeu as orações de milhares de fieis
para que a igreja pudesse ter condições de executar seus projetos
evangelísticos porque tudo o que pedimos a Deus crendo o receberemos (Mateus
21.22). No entanto, o que vimos foi uma igreja preocupada com seu status social
e sua aparência externa e milhões de reais foram gastos para embelezar e
agigantar templos, demonstrar poder e autoridade através de carros modernos e
caros, enquanto que a aplicação na evangelização e missões não foi na mesma
proporção. É bom deixar claro que não temos a visão que pastor é para andar de
carro velho, roupa barata, casa desconfortável, não, nada disso, tudo tem que
ser de acordo com a realidade da igreja que ele pastoreia. O trabalhador é
digno do seu salario (Lucas 10.7). O que queremos enfatizar é que os irmãos
foram abençoados financeiramente e não responderam ao Senhor na mesma proporção
e os pastores que oraram por melhores dias não aplicaram com entendimento os
recursos conseguidos. E vemos uma obra missionária focada não nos resultados
espirituais de salvação, mas no retorno financeiro que esse “investimento” foi
realizado. Cada dia se vê a secularização da igreja. Temos que andar sóbrios e
vigilantes para não se deixar contaminar por esse fermento dos fariseus (1
Pedro 5.8).
Visão Distorcida
A visão da igreja tem sido
distorcida ano após ano. A igreja bíblica foi chamada para sair a pregar o
evangelho levando uma mensagem de salvação, libertação, cura, Batismo com o
Espírito Santo e a volta de Jesus. Contudo, o que temos visto é uma igreja
preocupada em estabelecer seu próprio reino na terra. As igrejas tradicionais e
pentecostais combateram fortemente em décadas passadas as igrejas chamadas neopentecostais
com suas doutrinas e atitudes e hoje o que vemos são essas mesmas igrejas
adotando pouco a pouco a visão e se comportando de maneira semelhante às
igrejas que antes combatiam, e hoje fazem isso porque lhes convém. É comum
vermos nos nossos púlpitos mensagens de declaração, prosperidade, etc. e como
está sendo pregado nos nossos púlpitos por pastores de nossa denominação,
aceitamos com a maior naturalidade, sem questionamentos. Escutamos pastores
dizerem: “Se não fizermos isso, o povo sai da igreja”. As palavras de Paulo
devem estar sempre gritando no nosso ouvido: “Contudo, ainda que nós ou mesmo um anjo dos céus vos anuncie um
evangelho diferente do que já vos pregamos, seja considerado maldito!
Gálatas 1.8”. O nosso reino não é na terra, Temos um edifício construído nos
céus (2 Coríntios 5.1).
Mau Uso da Tecnologia
Não podemos deixar de falar sobre o
excesso de distrações existentes, celulares, tabletes, maquinas digitais, etc.
O mau uso da tecnologia tem proporcionado à igreja um esfriamento nos cultos
porque os membros, incluindo aqui os líderes, estão mais preocupados em postar
nas redes sociais seus “selfies” que adorar a Deus e entrar nos santos dos
santos com louvor e ações de graças. Em outro tempo quando um irmão era cheio
do Espirito Santo, buscávamos entrar no mesmo clima de adoração para também ser
cheios, hoje é mais interessante registrar esses momentos e depois, muitos e em
muitos casos, ridicularizam os próprios irmãos pela maneira como se comportam. É
comum vermos pastores em pleno culto nas redes sociais com seus celulares,
esses mesmos pastores que outrora disciplinava, exortava, dizia que iam para o
inferno com o comportamento desses na casa de Deus. Existe uma competição muito
forte entre a pregação do evangelho e as distrações dentro e fora da igreja
(Apocalipses 3.2,3).
ENTÃO, O QUE FAZER?
Que resposta podemos dar a toda essa
problemática existente que tem levado a igreja de uma forma geral (lembrando
que este artigo não é uma análise critica dirigida a uma igreja, mas a todas as
igrejas) a mudar o seu comportamento influenciando diretamente no cumprimento
do Ide do nosso mestre Jesus Cristo.
Apocalipses 2.4,5 deve ser um grito
de alerta a todos os líderes da igreja. Se a liderança não despertar Deus
levantará outra nação para cumprir a grande comissão. É tempo de trabalharmos
com nossa liderança, capacitando-os dentro de uma visão bíblica sem
preocupar-se com os modismos ou nas ultimas novidades do mês.
Aqui no Peru é muito comum a busca
pela unidade da igreja, porém uma unidade sem critério, sem princípios, sem
fundamentos. Não devemos confundir unidade da igreja com ecumenismo evangélico,
e o que é isso? É quando as igrejas em nome da unidade se reúnem com todos
aqueles que se dizem evangélicos independentemente da sua linha teológica ou
doutrinária, de maneira que aqui na nossa fraternidade de pastores, onde sou
presidente, assistem igrejas pentecostais, tradicionais e neopentecostais,
trazendo para dentro da fraternidade, apostoles, profetas, bispos, pastoras,
etc. Por este motivo, estamos lutando para que a fraternidade não entre nesse
ecumenismo evangélico em nome da unidade da igreja.
Devemos focar nas almas, o resultado
econômico vem por consequência (Mateus 6.33).
Temos que mudar o caráter da
liderança para que seja centrada na submissão e oração a Deus. Deixar de copiar
o mundo e suas estratégias. O modelo administrativo secular é eficaz, mas para
as empresas. O padrão administrativo da igreja continua sendo o ensinado na
palavra de Deus. A liderança necessita aprender a fidelidade, submissão e
compromisso, requisitos básicos para um bom líder. Não necessitamos de pastores
estrelas, pastores televisivos ou pastores que ostentam prosperidade. A igreja
espera do seu pastor, santidade, humildade, amizade, companheirismo, qualidades
de profeta e de sacerdote. Profeta para falar as verdades de Deus ao povo e
sacerdotes para interceder pelo povo a Deus.
Os recursos econômicos da igreja
devem ser focados para ganhar almas. De acordo com a necessidade é necessário
ter grandes templos para congregar o povo de Deus, mas o foco da igreja
continua sendo as vidas que não conhecem a Jesus. Não necessitamos investir mais
em iluminação (jogos de luzes, etc.), a casa de Deus não é casa de eventos,
continua sendo Casa de Oração. Não necessitamos investir mais em passeios de
lazer para jovens, isso eles têm junto a seus pais ou por conta própria. Os
jovens necessitam conhecer mais a Deus no caminho da oração e da palavra.
Satanás tem semeado essa mentira no meio da igreja que se não fizer assim os
jovens sairão. O mundo não precisa de uma distração a mais, o mundo quer algo
novo, que preencha o vazio do seu interior e isso não se encontra em passeios,
mas na presença de Deus.
Devemos investir mais na capacitação
dos vocacionados para que tenhamos um exercito pronto para ser enviado ao campo
de batalha. Como missionário digo que a necessidade de cooperadores é grande,
mas faltam trabalhadores que deixem tudo por amor a Cristo (Lucas 14.33).
A igreja contemporânea não pode
perder a visão de Cristo (2 Timóteo 2.4). O caminho da santidade, da oração, da
devoção e da palavra não pode perder o seu espaço na casa de Deus nem na vida
do povo. O veneno das falsas teologias, tais como: prosperidade, confissão
positiva, batalha espiritual, tem levado o povo de Deus a perder a visão do céu. Segui a paz com todos e santificação, sem
qual ninguém verá o Senhor (Hebreus 12.14). Não podemos deixar que nossas
igrejas sejam invadidas por modismos, secularismos, etc. Muitos querem nos
fazer parar ou retroceder, mas somos como Neemias, (Neemias 6.3), não temos
tempo para dar ouvidos a quem está de fora dos planos de Deus.
A tecnologia é uma excelente
ferramenta para a propagação do evangelho de Jesus Cristo, não podemos deixar
de lado o uso dela por causa do mau uso que alguns fazem. As igrejas necessitam
levantar grupos de jovens conhecedores da tecnologia (celular, computadores,
paginas web, radio e tv web, facebook, whatsapp, etc) e desafia-los a projetar
uma evangelização utilizando esses meios de comunicação. Não podemos colocar
todos na rua para evangelizar de porta em porta quando eles têm outros talentos
que podem ser melhores aproveitados. Devemos sair do status quo para que essa nova geração não perca a visão de Deus.
Não podemos esquecer que nesses
últimos tempos o mundo usado por satanás está se protegendo e armando um cerco
contra a igreja através de leis. A igreja precisa despertar ainda mais quanto a
necessidade de termos representantes políticos verdadeiramente evangélicos e
comprometidos com o Reino de Deus para que sejam uma voz dentro dos
legislativos contra qualquer ato que atente a vida da igreja. Necessitamos no
mundo atual de Josés, Danieis, Sadraques,
Mesaques, Abede Negos, Neemias, para ser uma voz contra leis que visam
interromper a caminhada da igreja.
Portanto, é tempo de agir, é tempo
de buscar a Deus, é tempo de entender que está em nossas mãos a
responsabilidade de dar continuidade ao que o nosso Mestre e Senhor Jesus
Cristo começou a fazer e nos ordenou a continuar fazendo a respeito do Reino de
Deus. A mensagem é a mesma, O Cristo é o mesmo, apenas mudamos as ferramentas,
antes Paulo usava o pergaminho para se comunicar com a igreja, hoje usamos o
computador, mas o conteúdo tem que ser o mesmo.